O projeto de KiVa Koulu, que significa algo como escola estupenda em finlandês, começou no ano 2006, e desde então quase 90 por cento das escolas primárias finlandesas juntaram-se ao programa. Além disso, foi também implantado em alguns países estrangeiros. Como foram os resultados até agora?
Em 2006, começaram a planificar-se os materiais de KiVa, mas o programa não foi implantado até ao outono de 2009, quando todas as escolas estavam disponíveis para implementar o programa. Desde então temos seguido as estatísticas das crianças vítimas de bullying e os seus bullies nas escolas primárias que participam do KiVa. É fantástico como os números em ambos os grupos continuem a diminuir a cada ano, como se pode ver no gráfico. Além disso, é necessário mencionar que o gráfico apenas mostra a nota média: em muitas escolas, os resultados alcançados são ainda melhores. Antes da difusão do programa a escala nacional, foram realizados vários estudos sobre os efeitos do projeto KiVa, que mostraram que nas escolas do programa o bullying escolar diminui notavelmente, e isto só durante o primeiro ano. Em alguns casos a quantidade de crianças vítimas de bullying baixou em 40 por cento. Os estudos demonstraram que o programa KiVa aumenta, entre outras coisas, o bem-estar e a motivação a estudar ao mesmo tempo que diminui a ansiedade e a depressão. Também no estrangeiro (Holanda, Itália, País de Gales) foram realizadas investigações cujos resultados foram muito encorajadores: o bullying escolar diminui 30 a 50 por cento durante o primeiro ano.
De onde surgiu a ideia para o projeto e como são as pessoas que estão por detrás de tudo?
Antti Kalliomäki, ministro da educação em 2006, quis dar atenção ao bem-estar escolar. Um dos programas dedicados a melhorá-lo foi precisamente KiVa Koulu. O meu grupo de investigação e eu já estudamos as relações entre as crianças e o bullying escolar há 25 anos, por isso muitas das atividades de KiVa são fruto de uma madura reflexão.
KiVa Koulu tenta prevenir o bullying escolar. Através de que métodos?
Uma das ideias principais é que se pode diminuir o bullying escolar influenciando sobretudo o grupo, e não apenas os bullies e as suas vítimas. A forma de atuar dos testemunhos do bullying pode manter o problema ou ajudar a acabar com ele, por isso nas aulas de KiVa falam-se dos fenómenos inter-relacionados, reflexiona-se e pratica-se em conjunto sobre as formas de opor-se ao bullying. Durante as lições e/ou entre elas é possível jogar o jogo virtual de KiVa, que exercita o que foi aprendido nas aulas. Por outro lado, o projeto conta com instruções simples para casos de bullying escolar, se estes acontecerem. As escolas do programa também têm um grupo de KiVa, cuja responsabilidade consiste em resolver casos de bullying, falar com ambas as partes e assegurar que a situação foi resolvida.
Como é que os professores, diretores e alunos receberam o programa nas escolas?
Reagiram muito bem. Anualmente recolhemos os comentários sobre este tema e sabemos que, por exemplo, os alunos gostam das aulas e dos jogos de KiVa – especialmente as crianças que já foram vítimas. Cada escola aplica o programa de forma diferente, e parece que o apoio do diretor tem um papel decisivo na intensidade da sua execução na escola. Os professores consideraram as aulas e as discussões organizadas pelos grupos de KiVa muito eficientes.
[quote align=”left”]”O meu grupo de investigação e eu já estudamos as relações entre as crianças e o bullying escolar há 25 anos, por isso muitas das atividades de KiVa são fruto de uma madura reflexão”.[/quote]De que forma e em que direção se vai desenvolver KiVa Koulu no futuro?
Constantemente encontramos novas ideias. Tentamos desenvolver o programa de modo a que se adeque ainda mais às necessidades dos seus utilizadores. KiVa e os seus sócios de colaboração internacionais formam uma comunidade de onde as ideias criadas por um membro, ou até as pequenas mudanças que faça, estejam disponíveis para todos. Ultimamente temos desenvolvido um sistema de sugestões, através do qual as escolas recebem anualmente estatísticas da sua própria situação. Os jogos de computador também foram atualizados ao século XXI – podem até ser jogados em tablets.