arqueólogos en Rio Branco

Geoglifos da Amazônia em destaque internacional no Acre

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Nos dias 8 e 9 de julho, o Palácio da Justiça de Rio Branco (Acre) foi palco do 5º Simpósio Internacional de Arqueologia da Amazônia Ocidental, que reuniu especialistas, lideranças indígenas e representantes de instituições públicas para debater os geoglifos da região. Com organização da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com o Instituto Ibero-Americano da Finlândia, e apoio do Iphan, o evento homenageou a arqueóloga Denise Pahl Schaan e integrou o projeto “Geoglifos: Histórias Indígenas e Paisagem na Amazônia Ocidental”.

Entre os destaques da programação esteve a mesa redonda “Políticas de preservação e gestão dos Geoglifos”, que promoveu um diálogo interinstitucional fundamental sobre o futuro desses sítios arqueológicos. Essa mesa inclui as autoridades mais importantes na proteção futura dos sítios arqueológicos no Acre (como INCRA, IBAMA, IPHAN). O simpósio contou também com a presença de pesquisadores internacionais, como os professores Martti Pärssinen (Universidade de Helsinki/Instituto Ibero-Americano da Finlândia) e Pirjo Kristiina Virtanen (Universidade de Helsinque), ambos especialistas em história indígena e arqueologia da Amazônia.

Martti Pärssinen apresentou os avanços de suas pesquisas de campo realizadas em 2025, nas quais nove dos dez sítios previstos foram escavados com sucesso. Ele também destacou conquistas institucionais importantes: o estado do Acre e a cidade de Rio Branco apresentaram um projeto de lei ao governo federal para declarar Rio Branco como a “capital dos geoglifos da Amazônia”, com direito a uma “semana oficial dos geoglifos” voltada ao turismo cultural. O geoglifo de Jacó Sá, escavado por sua equipe, foi oficialmente reconhecido como monumento histórico do Brasil.

A apresentação de Pirjo Kristiina Virtanen, “Urbanidade-florestal na Amazônia précolonial” destacou que as estruturas de terra não são somente “dados” do passado. Ela mostrou que os sítios arqueológicas contem a língua, matématica, e as histórias próprias. Seus usos têm mudado e continua mudando até hoje. Hoje em dia, eles são aproximados e considerados de forma diferente entre grupos sociais diferentes.

A programação do simpósio incluiu ainda exibição de documentário, lançamento de grupo de pesquisa e discussões sobre arqueoturismo e valorização dos saberes ancestrais.

Descobertos majoritariamente no leste do Acre, os geoglifos são figuras geométricas escavadas desde há 2.500 anos por povos indígenas da Amazônia. Mais de mil dessas estruturas já foram identificadas, e seu estudo tem revelado um passado complexo de manejo ambiental, organização social e expressão simbólica. Considerados patrimônio cultural e ambiental de excepcional valor, os geoglifos representam um legado que reforça a identidade amazônica e desafia narrativas simplificadas sobre o passado pré-colonial da região.